sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Texto


A escola não é um espaço neutro e o professor deve ser um intelectual transformador, sendo assim discutir quais são as dificuldades atuais para implantação do trabalho participativo no cotidiano escolar.

A escola hoje é considerada um dos espaços mais importantes na formação do individuo. Atualmente não basta saber a ler e escrever; “é preciso aprender a perguntar bem também, é aprender a desconfiar das respostas taxativas.” (ARANHA,2013); já que o mercado de trabalho exige pessoas com habilidades e um vasto conhecimento, principalmente do uso de ferramentas tecnológicas.
A escola é uma organização social, portanto é formada de futuros cidadãos; é um ambiente de divulgação cultural, política, econômica e ideológica e não somente um lugar de transmissão de conhecimento, portanto é dever do professor acompanhar e monitorar com olhos mais reflexivos e críticos sua ação pedagógica; promovendo assim uma passagem de educação assistemática, guiada pelo senso comum, para uma educação mais sistematizada.
Sendo assim é preciso que o professor não esteja voltado somente para o preparo técnico- científico, mas também para fundamentos filosóficos de suas atividades aplicadas; também é muito importante ter a concepção de “como educar” e “para que educar”, pois não é possível definir objetivos educacionais se os educadores não tiverem clareza dos valores que orientam suas próprias ações.

Para desenvolver esse ato pedagógico é preciso uma dedicação maior pela educação mais reflexiva e crítica, e também a implantação do trabalho participativo no cotidiano escolar que se dá através da participação de toda comunidade, tais como os pais e todo corpo docente, onde todos se envolvam nas problemáticas do cotidiano escolar, buscando soluções para a melhoria do ensino de aprendizagem, tanto para os alunos, como também para os professores, fazendo assim com que a escola não seja vista somente como um ambiente neutro e sim como solução e construção para um futuro melhor para todos.

Mapa Conceitual de Antropologia


Mapa Conceitual de Epistemologia


Mapa conceitual de Axiologia


Música




Mulheres de Atenas ( Chico Buarque)

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram, se ajoelham
Pedem, imploram mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos querem arrancar violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, heróis e amantes de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços, quase sempre voltam
Pros braços de suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade nem defeitos
Nem qualidades, têm medo apenas
Não tem sonho, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, bravos guerreiros de Atenas
As jovens viúvas marcadas e as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem, se conformam
E se recobrem as suas novenas, serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Cessam por seus maridos orgulho e raça de Atenas

         Mulheres, conquistas e avanço na educação.

ü  Em 1827 surgiu a primeira lei sobre educação das mulheres, permitindo assim que frequentassem as escolas elementares; pois instituições de ensino mais adiantado ainda eram proibidas á elas.

ü  No ano de 1879 as mulheres ganham a autorização do governo para estudar em ensino superior; porém as que escolhiam este caminho eram criticadas pela sociedade.
ü  Em 1996 a Academia Brasileira de letras é ocupada por uma mulher; Nélida Piñon exerce o cargo até 1997 e é membro do PIB desde 1990. A participação das mulheres na educação tem sido presença crescente em todos os níveis do ensino brasileiro;
ü  Segundo informações coletadas pelo senso escolar; As mulheres tem tido um crescimento global em doutorados e mestrados, no período de 1998 a 2003. Mulheres docentes com doutorados foi de 104%, enquanto os homens ficou em 69,2 %; Mestres mulheres foi de 119,4% e mestres
ü  homens 106,6% (média).
ü  As mulheres, também possui um avanço na graduação brasileira; Já que é a maioria; a diferença é de 8,7% entre os sexos. As mulheres que já se encontrava na liderança em 1996, saltou para 12,8% em 2003.

Ao longo dos anos percebemos que as mulheres estão se destacando em todos os níveis da sociedade, graças á isto foi possível um reconhecimento amplo do sexo feminino. Mas e hoje, em pleno século XXI, o que ainda falta para as mulheres conquistar na educação e na sociedade?

Poesia


Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.


O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?


Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra


Cora Coralina


Entrevista

Apresentação:

Rosangela Xildes de S. Oliveira, é professora à 20 anos na Rede  Publica Municipal da cidade de Francisco Morato, este ano de 2013 leciona para turma da 2ª série do ensino fundamental , já lecionou para todas as séries do ensino fundamental I.

1) Qual a sua opinião a respeito da eliminação do sistema de reprovação de alunos com baixo índice de aprendizagem?
A eliminação da retenção trouxe para o aluno a oportunidade de conviver com crianças de sua idade e também de se recuperar no ano seguinte, sem ter prejuízos de tempo. Porém isso trouxe a ideia de que já não se precisa estudar para passar de ano, fazendo com que o aluno não leve a sério suas tarefas e responsabilidades escolares.  Causou também um desinteresse por parte da família que antes se preocupava com a retenção e cobrava um pouco mais.  Com isso o professor tem maior responsabilidade em estimular e despertar o interesse dos alunos pelo conteúdo, contando com a conscientização da família, algo que muitas vezes não tem retorno.

2) Qual técnica você utiliza para manter os alunos focados durante a explicação de um conteúdo?
Clareza e organização são as palavras chave para que os alunos fiquem atentos na aula. O professor precisa dominar o conteúdo e ser organizado em seu trabalho, transmitindo assim segurança para seus alunos.

3) Você acredita que o ensino fundamental e médio prepara melhor os alunos hoje do que há 20 anos?
No passado acredito que o ensino era levado a sério, havia uma postura disciplinar que mantinha os alunos mais atentos e uma cobrança maior por parte da família. Hoje os alunos estão mais informados e utilizam tecnologias que trazem a eles maior conhecimento do mundo onde vivemos. Isto os prepara para lidar com as necessidades que o mercado de trabalho exige, porém com conhecimentos superficiais, havendo muitas vezes a necessidade de cursinhos preparatórios para reforçar o aprendizado. Portanto não acredito que o ensino fundamental e médio prepare melhor os alunos hoje do que há 20 anos a traz.

4) Qual a importância da aprendizagem continuada para o professor e o impacto disso para o aluno?
A aprendizagem continuada trouxe para o professor a possibilidade de resgatar conteúdos já esquecidos e também de aprender coisas novas. Isso tem grande valor para o ensino, pois proporciona ao aluno maior qualidade de ensino, já que o professor esta sempre em contato com temas atuais, tornando os conteúdos mais atrativos e de melhor compreensão.

5) Em sua opinião o que faz o aluno ter respeito pelo professor?

A postura do professor, a clareza e a organização nas aulas é muito importante para que o aluno confie na atuação do professor. Vejo também a necessidade do professor respeitar o aluno e demonstrar carinho por ele, conquistando assim sua confiança. Em caso de indisciplina o professor não deve nunca se exceder, recorrendo sempre a ajuda da coordenação.


 A profª A. M, que leciona Educação Artística na rede publica a alguns meses, por motivos pessoais, não  quis se identificar.

1) Qual a sua opinião a respeito da eliminação do sistema de reprovação de alunos com baixo índice de aprendizagem?

 Ela precisa ser realizada de uma forma consciente e responsável, porque muitas vezes percebemos alunos com dificuldades de aprendizagem “abandonados” ou “ esquecidos” na sala de aula, e isso acaba virando uma “bola de neve”.

2) Qual técnica, você utiliza para manter os alunos focados, durante a explicação de um conteúdo?
É papel do mediador, do educador apresentar o conteúdo da forma mais atraente possível. Inicio a aula com a teoria (minha explicação), e logo após apresento imagens, muitas vezes por vídeo. As crianças hoje em dia têm acesso fácil à Internet. Antigamente era o aluno que entrava no “mundo acadêmico”, hoje é o professor que precisa entrar no “mundo das crianças”.

3) Você acredita que o ensino fundamental e médio, prepara melhor os alunos hoje, do que à 20 anos atrás ?

 Depende da matéria. Hoje em dia existem vários recursos..., mas com certeza aprenderia melhor a Matemática. Fui educada a decorar e isso prejudicou um pouco meu aprendizado.

4) Qual a importância da aprendizagem continuada para o professor, e o impacto disso para o aluno?

Quanto mais o professor aprende, se recicla..., a aprendizagem continuada é fundamental, em todas as profissões. O aluno só tem a ganhar com isso.

5) Em sua opinião, o que faz o aluno ter respeito pelo professor?

 Acho que o respeito é fundamental. Nas minhas aulas, procuro mostrar para o aluno, o quanto ele é importante para mim, como ser humano. Chamo pelo nome, conheço sua história e estabeleço uma relação de confiança. A criança na escola quer ser vista, muitas vezes não encontra isso em casa. Alguns no início são mais rebeldes...mas depois acabam gostando desse tratamento.

Contraponto:
A respeito da eliminação do sistema de reprovação de alunos com baixo rendimento, a Professora Rosangela acredita no sistema atual, porém defende melhorias em relação ao método de recuperação do aluno, pois acredita que a participação da família é fundamental para manter o interesse do aluno. A Professora M. A. não tem opinião formada sobre o assunto, estando preocupada porém, com o descaso do sistema e de alguns professores em relação a atenção voltada para os casos de alunos com baixo rendimento.
Ambas concordam que o professor tem a responsabilidade em relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem. Com a tentativa de diminuir as diferenças em sala de aula, as professoras optam em utilizar diversos recursos que estimulam e despertam o interesse dos alunos.
A professora Rosangela acredita que com o avanço da tecnologia, os alunos do ensino médio, hoje em dia, apesar de terem mais acesso à informação através das mídias, deixam de se aprofundar em alguns conteúdos. Por causa disso necessitam de curso pré vestibular para sanar duvidas que não foram esclarecidas no momento certo.
As professoras concordam que o professor deve continuar seus estudos, permanecendo sempre atualizado e isso reflete em sala de aula. Quanto à questão do respeito do aluno pelo professor, elas concordam que o respeito deve ser recíproco, resultando assim uma atuação melhor do professor no processo de ensino e aprendizagem. A professora com menor experiência, possui dificuldade em relação a disciplina dos seus alunos. Essa dificuldade será superada com o decorrer do tempo e aquisição da experiência.
 A violência escolar tem aumentado muito! A comunidade, professores, pais e alunos, devem buscar soluções para diminuir os conflitos. Então faremos um desafio!

 Como podemos melhorar a relação entre o aluno e o professor? Participem dêem suas opiniões! Elas são muito importantes e poderão nos ajudar em nossa atuação pedagógica.         

Emilia Ferreiro


Emília Ferreiro:

 "... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)
Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emília desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979.Os resultados dessa pesquisas teve grande influência na escola nos dias de hoje ,modificando as técnicas de alfabetização.Emília é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora – que exerce também viajando pelo mundo, incluindo frequentes visitas ao Brasil –, a psicolingüista está à frente do sitewww.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores consagrados e publicam os próprios textos.

TESE:
Tanto as descobertas de Piaget como as de Emília levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento, partindo da tese de que a criança de fato ‘reinventa’ a escrita, porisso, o professor precisa estar atento ao que a criança já sabe. Antes mesmo de iniciar o ensino formal da escrita, ela já constrói, interpretações, elaborações internas que não dependem do ensino adulto e não devem ser entendidas como confusões perceptivas, ou seja os, rabiscos significam determinada interpretação pessoal. Ao pesquisar o desenvolvimento dos conceitos infantis sobre a língua escrita, Emília Ferreiro conclui que as crianças são facilmente alfabetizáveis, foram os adultos que dificultaram o processo de alfabetização delas.

"Nenhuma criança chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas não aprendem porque veem e escutam ou por ter lápis e papel à disposição, e sim porque trabalham cognitivamente com o que o meio lhes oferece."
O resultado de duas pesquisas apontam pra o início deste processo, a necessidade de trabalhar ambos, leitura e escrita, com base na compreensão de suas funções na sociedade, evitando ao máximo a fragmentação do conhecimento. Para compreender o desenvolvimento da leitura e da escrita do ponto de vista dos processos de apropriação de um objeto social, Emília Ferreiro conclui que há uma série de modos de representação da linguagem. Sua psicogênese da língua distingue cinco níveis e quatro fases desse método:
Níveis I e II: pré-silábico (não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada)
Nível III:silábico (interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra)
Nível IV: silábico-alfabético(mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas)
Nível V:(alfabético domina, enfim, o valor das letras e sílabas)
Cada um deles apresenta uma fase de evolução, que procuramos sintetizar em quadros com base em 4 tópicos principais: a hipótese central, a construção gráfica, os níveis de conceitualização da escrita e os da leitura.
Respeitando o nível de desenvolvimento dos estudantes, verificando em primeiro lugar em que altura do processo de leitura e da escrita eles estão. Diagnosticar quanto os alunos já sabem antes de iniciar o processo de alfabetização é um preceito básico do livro Psicogênese da Língua Escrita, de Emília e Ana Teberowsky. De acordo com a teoria, toda criança passa por essas fases até que esteja alfabetizada.
Analisar que representações sobre a escrita o estudante tem é importante pra o professor saber como agir. Não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo. Cabe ao professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende.O trabalho de Emília não dá indicações de como produzir o ensino, não existe o método Emília Ferreiro, com passos pré-determinados. Constata-se que o conhecimento se produz por etapas ou estágios sucessivos, nos quais a criança organiza o pensamento e a afetividade.

“As crianças chegam à escola sabendo várias coisas sobre a língua. É preciso avaliá-las para determinar estratégias para sua alfabetização. - apesar de a criança construir seu próprio conhecimento, no que se refere à alfabetização, cabe ao professor, organizar atividades que favoreça a reflexão sobre a escrita”.

"O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo, pensa, raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social complexo que é a escrita. "

Obras:
 As obras de Emília - Psicogênese da Língua Escrita é a mais importante - não apresentam nenhum método pedagógico, mas revelam os processos de aprendizado das crianças, levando a conclusões que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. As pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita.






Entrevista: Emília Ferreiro



(Nova Escola | Emília Ferreiro | Leitura e escrita na Educação Infantil)

Referencias:

(Nova Escola | Emília Ferreiro | Leitura e escrita na Educação Infantil)
PLT 285-pag-279

Paulo Freire


 Teórico: Paulo Freire




noticias.r7.com
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas idéias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart onde metade da população do nordeste cerca de 30 milhões eram analfabetos - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira. Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Morreu em 1997, de enfarte. Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação.
“ Seria uma atitude muita ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem ás classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”
O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra. Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador.



Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los. Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo. A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo. Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?
“Se a educação não é capaz de mudar a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda.” 
O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história". No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”
Três etapas rumo à conscientização




                                                          pt.wikipedia.org

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula.O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade.Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz de tal forma que num dado momento a tua fala seja a tua prática”

Instituto Paulo Freire
Em 12 de abril de 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, após uma conferência na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Durante uma conversa com com Moacir Gadotti e Carlos Alberto Torres, ele manifestou o desejo de encontrar uma forma de reunir pessoas e instituições do mundo todo que, movidas pela mesma utopia de uma educação como prática da liberdade, pudessem refletir, trocar experiências, desenvolver práticas pedagógicas nas diferentes áreas do conhecimento que contribuíssem para a construção de um mundo com mais justiça social e solidariedade para estender e elaborar suas idéias. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.

Documentário Paulo Freire Contemporâneo
Referências: